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GASTRITE

O que é?

A gastrite é uma condição na qual o revestimento do estômago - conhecido como mucosa - está inflamado.

A mucosa do estômago contém células especiais que produzem o ácido e as enzimas que ajudam a quebrar o alimento para a digestão; e o muco que protege o revestimento do estômago de ácido. Quando o estômago está inflamado, produz menos ácido, enzimas e muco.

A gastrite pode ser aguda ou crônica. A inflamação repentina e acentuada do revestimento do estômago é chamada gastrite aguda. A inflamação que dura por muito tempo é chamada gastrite crõnica. Se a gastrite crônica não for tratada, pode durar por anos ou até mesmo uma vida inteira.

A gastrite erosiva é um tipo de gastrite que muitas vezes não causa inflamação significativa, mas faz uma lesão superficial no revestimento do estômago. A gastrite erosiva pode causar sangramento, erosões ou úlceras. Ela pode ser aguda ou crônica.

A relação entre gastrite e os sintomas não é clara. O termo gastrite refere-se especificamente à inflamação anormal do revestimento do estômago. Pessoas que têm gastrite podem sentir dor ou desconforto no abdome superior, mas muitas pessoas com gastrite não têm quaisquer sintomas.

O termo gastrite é usado erroneamente, às vezes, para descrever qualquer sintoma de dor ou desconforto no abdome superior. Muitas doenças e distúrbios podem causar esses sintomas. A maioria das pessoas que apresentam sintomas abdominais superiores não tem gastrite.

O que causa gastrite?

A infecção pelo Helicobacter pylori (H. pylori) causa a maioria dos casos de gastrite crônica não erosiva. O H. pylori é uma bactéria que infecta a parede do estômago. O H. pylori é transmitido principalmente de pessoa para pessoa. Em áreas com falta de saneamento, o H. pylori pode ser transmitido através de água ou alimentos contaminados.

Nos países industrializados como os Estados Unidos, 20% a 50% da população podem ser infectadas com H. pylori. Taxas de infecção pelo H. pylori são mais elevadas em áreas com falta de saneamento e de maior densidade populacional¹. As taxas de infecção podem ser superiores a 80% em alguns países em desenvolvimento¹. No Brasil, Zaterka et al. observaram uma taxa de 70%.

A causa mais comum de gastrite erosiva, aguda e crônica é o uso prolongado de anti-inflamatórios não-esteróides (AINEs), como aspirina e ibuprofeno. Outros agentes que podem causar gastrite erosiva são o álcool, cocaína e radiação. Lesões traumáticas, queimaduras graves, doença crítica e cirurgia também podem causar gastrite erosiva aguda. Este tipo de gastrite é chamado gastrite de estresse.

As causas menos comuns de gastrite erosiva e não-erosiva são:
  • doenças autoimunes, em que o sistema imunológico ataca as células saudáveis no revestimento do estômago
  • algumas doenças e desordens do aparelho digestivo, como doença de Crohn e anemia perniciosa
  • viroses, parasitas, fungos e bactérias diferentes do H. pylori.
1- Lee Y, Liou J, Wu M, Wu C, Lin J. Review: eradication of Helicobacter pylori to prevent gastroduodenal diseases: hitting more than one bird with the same stone. Therapeutic Advances in Gastroenterology. 2008;1(2):111–120.

Quais são os sintomas de gastrite?

Muitas pessoas com gastrite não têm quaisquer sintomas, mas algumas pessoas podem apresentar:
  • dor ou desconforto no abdome superior
  • náusea
  • vômito
Estes sintomas são também chamados de dispepsia. A gastrite erosiva pode causar úlceras ou erosões no revestimento do estômago que podem sangrar.

Os sinais de sangramento no estômago são:
  • sangue no vômito
  • fezes pretas ou como alcatrão (piche)
  • sangue vermelho nas fezes

Quais são as complicações da gastrite?

A maioria das formas de gastrite crônica inespecífica não causam sintomas. No entanto, a gastrite crônica é um fator de risco para úlcera péptica, pólipos gástricos e tumores gástricos benignos e malignos. Algumas pessoas com gastrite crônica pelo H. pylori ou gastrite autoimune desenvolvem gastrite atrófica.

A gastrite atrófica destrói as células do revestimento do estômago que produzem ácidos digestivos e enzimas. A gastrite atrófica pode levar a dois tipos de câncer: o câncer gástrico e o linfoma do tecido linfoide associado à mucosa gástrica (linfoma MALT).

Como é diagnosticada a gastrite?

O exame mais importante para o diagnóstico de gastrite é a endoscopia com uma biópsia do estômago. O médico geralmente dará o medicamento ao paciente para reduzir o desconforto e ansiedade antes de iniciar o procedimento de endoscopia.

Em seguida, insere um endoscópio, que é um tubo fino com uma minúscula câmera na ponta, através da boca do paciente até chegar ao estômago. Ele utiliza o endoscópio para examinar o revestimento do esôfago, estômago e primeira porção do intestino delgado. Se necessário, irá realizar uma biópsia, que é a coleta de pequenas amostras de tecido para exame com um microscópio.

Outros exames utilizados para identificar a causa da gastrite ou complicações são os seguintes:
  • Seriografia contrastada de esôfago, estômago e duodeno: O paciente engole bário, um material de contraste líquido que faz com que o sistema digestivo seja visível aos raios-x. Imagens de raios-x podem mostrar alterações no revestimento do estômago, tais como erosões ou úlceras. Raramente utilizado na atualidade.
  • Exame de sangue: O médico pode verificar se há anemia, uma condição na qual a substância do sangue rico em ferro, a hemoglobina, está diminuída. A anemia pode ser um sinal de hemorragia crônica no estômago.
  • Exame de fezes: Este teste verifica a presença de sangue nas fezes, outro sinal de sangramento no estômago.
  • Exames para infecção pelo H. pylori: O médico pode solicitar teste respiratório, no sangue ou nas fezes para detectar sinais de infecção. A infecção pelo H. pylori também pode ser confirmada com biópsias do estômago durante a endoscopia.

Como é tratada a gastrite?

Os medicamentos que reduzem a quantidade de ácido no estômago podem aliviar os sintomas, que porventura acompanhem a gastrite, e promover a cura do revestimento do estômago. Estes medicamentos são:
  • antiácidos, como o Alka-Seltzer, Maalox, Mylanta, Simeco plus. Muitas marcas no mercado usam diferentes combinações de três sais básicos - alumínio, cálcio e magnésio - com íons hidróxido ou bicarbonato para neutralizar o ácido no estômago. Essas drogas podem produzir efeitos colaterais como diarreia ou constipação.
  • bloqueadores H2 da histamina, tais como famotidina e a ranitidina. Os bloqueadores H2 diminuem a produção de ácido.

  • inibidores da bomba de prótons (IBPs), como omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol, esomeprazol e dexlansoprazole. Os IBPs diminuem a produção de ácido mais eficazmente do que os bloqueadores H2.
Dependendo da causa da gastrite, medidas ou tratamentos adicionais podem ser necessários. Por exemplo, se a gastrite é causada por uso prolongado de AINEs, o médico poderá aconselhar suspender a ingestão do medicamento, reduzir a sua dose ou mudar para outra classe de medicamentos para a dor.

O IBP pode ser utilizado para prevenir a gastrite de estresse em pacientes gravemente enfermos.

O tratamento da infecção pelo H. pylori é importante, mesmo se a pessoa não está tendo sintomas da infecção. A gastrite do H. pylori não tratada pode levar ao câncer ou ao desenvolvimento de úlceras no estômago ou intestino delgado.

O tratamento mais comum é uma terapia tríplice que combina um IBP e dois antibióticos - geralmente amoxicilina e claritromicina - para matar as bactérias. O tratamento também pode incluir o subsalicilato de bismuto.

Após o tratamento, o médico poderá solicitar, quando necessário, um teste de respiração ou fezes, ou, ainda, novo exame endoscópico com o teste da urease, para certificar-se de que a infecção pelo H. pylori desapareceu.

Curando a infecção espera-se curar a gastrite e diminuir o risco de outras doenças gastrointestinais associadas a ela, como úlcera péptica, câncer gástrico e linfoma MALT.

Pontos para lembrar:

  • A gastrite é uma condição na qual o revestimento do estômago está inflamado.
  • O termo gastrite refere-se especificamente à inflamação anormal do revestimento do estômago. No entanto, a gastrite é, às vezes, erroneamente usada para descrever quaisquer sintomas de dor ou desconforto no abdome superior. A maioria das pessoas que apresentam sintomas abdominais superiores não tem gastrite.
  • A causa mais comum de gastrite é a infecção pelo H. pylori e o uso prolongado de drogas anti-inflamatórias não-esteroides (AINEs).
  • Muitas pessoas com gastrite não têm sintomas. Aqueles que apresentam sintomas podem se queixar de dispepsia - desconforto no abdome superior ou dor e náuseas ou vômitos.
  • O tratamento da infecção pelo H. pylori é importante, mesmo se a pessoa não está tendo sintomas. Se não tratada, a infecção pode levar a úlcera péptica ou câncer.
fonte: www.esadi.com.br